terça-feira, 28 de janeiro de 2014

.: A Promessa :.

Deus, o que nos prometeis em troca de morrer? Pois o céu e o inferno nós já os conhecemos - cada um de nós quase em segredo de sonho já viveu um pouco do próprio apocalipse. E a própria morte. Fora das vezes em que quase morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: este... este viveu.

.: A Doce Despedida :.

Sim, o amor acabou,
mas obrigado por ter começado.
Fui feliz porque te amei,
honrado por ter estado ao seu lado,
mas ainda que tua boca diga que me ama
o silêncio dos teus olhos aflige meu coração.

Houve um tempo que sorríamos muito
em que nossas mãos caminhavam unidas
como uma oração ao Deus da felicidade
e hoje, ainda que haja lágrimas
essa lembrança alivia a dor na despedida.

Peço perdão
se por acaso não cumpri a promessa da eternidade
porém fui eterno todas as vezes
que, entre um sussurro e outro,
ajoelhei diante do milagre dos teu beijos.

E crucificado
na cruz dos dias que não davam certo
me sentia um deus todas as noites
que ressuscitava em seu braços
o amor nosso de cada dia.

Não sei se posso ser seu amigo
depois ter sido seu amante,
mas depois de ter sido teu amante,
que graça tem ser seu amigo?

Não quero de volta as estrelas
que te dei
em troca de todas as vezes que você me levou ao céu.

O amor é um presente
que poucos podem ter, ou dar.
Amar é um ato de coragem
já desamar requer humildade. 

Quando se dá o último abraço
é porque já faltava braços há muito tempo.
Não quero entender o amor de minha parte,
só queria dizer obrigado.